(Feijão em flor) |
Os primeiros tempos em que Nelson Mandela esteve preso em Robben Island foram severos. O trabalho era esgotante e os guardas violentos. No entanto, no meio de inúmeras contrariedades, Mandela resolveu plantar uma horta. Teve que pedir licença às autoridades prisionais, foram consultados advogados e a burocracia arrastou-se. Por fim foi autorizado a criar a sua horta.
O terreno era seco, pedregoso e estéril e os guardas vigiavam-no enquanto cavava só com as mãos, até conseguir que lhe arranjassem algumas ferramentas. Enquanto outros presos jogavam às damas ou conversavam, Mandela cuidava da sua horta.
Plantou tomates, cebolas, malaguetas e espinafres e foi -lhe dada permissão para entregar esses vegetais na cozinha para enriquecer a parca dieta quotidiana.
Nas cartas que escrevia falava dos vegetais que cultivava como se estivesse a falar dos seus filhos. Falava das estações do ano, do estado do terreno e daquilo que colhia. Para Mandela, havia em Robben Island poucos motivos de prazer e a horta era como se fosse uma ilha só sua. Acalmava-lhe o espírito e distraía-o daquilo que se passava no exterior. Num universo sem privacidade e hostil para os seus anseios, a horta era um espaço de beleza e renovação.
(Flor da abóbora) |
Na opinião de Mandela os homens podem ser cultivados como as plantas e cada qual deve ter a sua própria horta, o que não significa desligarmo-nos da vida. Todos temos necessidade de qualquer coisa que nos afaste do mundo, de uma tarefa agradável, que requeira concentração espiritual e nos dê satisfação...
Usando as palavras de Mandela, tem de descobrir a sua horta.
(Resumo do capítulo 15, com o mesmo nome, dum livro que terminei há pouco tempo.) Este