terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Árvore das Maçanicas


Uma singularidade no novo pedaço de terra a cargo, é esta árvore. Não me disseram o seu nome e não arrisco baptizá-la porque nenhuma hipótese me soa bem. Os seus frutos: maçanicas!


Nunca tinham visto, nem ouvido falar?...Pois, eu também não!
Como se vê são maçãs, sabem a maçã, e têm inclusivé um mini-caroçinho...só que são mesmo muito pequeninas, do tamanho de berlindes...Decerto já viram "cenouras-baby"... Acho que aqui se trata da versão tradicional do mesmo princípio...


Acerca de um mês estavam no ponto para serem comidas, verdes com uns laivos de castanho; entretanto foram amadurecendo, amolecendo e caindo da árvore-mãe. Hoje para exercitar a paciência pus-me a apanhar, uma a uma, as caídas no chão...Consegui meio-quilo e as galinhas agradeceram!



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

São nozes


Na casa nova há duas nogueiras, uma jovem adulta e outra adolescente. Na última semana, boa parte dos frutos foi caindo e as restantes foram varejadas. Porque soltá-las da casca verde de fora enegrece irremediavelmente as mãos, usei dois pares de luvas; depois pu-las dentro de sacas de rede e agora há que ter o cuidado de as pôr todos os dias ao Sol para que sequem.

Dizem, pela  analogia do seu recheio com a morfologia do nosso cérebro, que são um rico alimento para este orgão... Na possibilidade de nos ajudarem a clarificar as ideias, haverá melhor pretexto para as consumirmos?!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

D. Celeste



Recordam-se de em Junho, aqui ter falado do Festival da Lavanda?

Pois bem, foi lá, na praça da vila, que conheci a D.Celeste.
Por ali circulava, a braços com um molho de alfazemas, que vendia a 1 Euro cada raminho.Vive na zona antiga da vila, era Domingo de manhã, tinha vindo à missa e aproveitado para ganhar umas moedas.

A pretexto da lavanda começámos a conversar. Desabafou que tinha tido 6 filhos, todos a viver longe e agora vivia com dificuldades; era viúva e os 100 contos que o marido lhe tinha deixado no banco já se tinham acabado!

Perguntou-me o que eu ia fazer da parte da tarde e, ao ouvir o meu programa, esvaziou-se-lhe a esperança do olhar.

_ Que pena!...Gostava tanto de ir à barragem...

_  Qual barragem, D. Celeste?

_ À da Póvoa. Não é longe, mas não dá para ir a pé...No tempo do meu marido ia lá muito!

_ Fazer o quê?

_ À pesca!!

_ A senhora sabe pescar?

_ Então não sei! Tanto peixe que eu apanhava!... Se fosse comigo, eu ensinava-a! - prometeu de olhar vivo e sincero, convencendo-me logo à partida.

_ Oh... hoje não dá D. Celeste, para a próxima! :((


Por fim, perguntei-lhe se a podia fotografar. Enviei a foto ao concurso que decorria integrado no festival...e na semana passada fui informada que a fotografia da D. Celeste tinha ganho o 1º prémio e eu uma estadia na  Quinta das Lavandas em Castelo de Vide. Fiquei feliz! :))

Desta feita não aprendi as artes da pesca, mas não deixo de ter ter razões para mandar  à vendedora de lavandas um grande muito obrigada!


 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Summer 2012 - Photo Exhibition

Ao fim da tarde, ao sair de casa para dar um passeio com os cães, levantei a cabeça na direcção um grande  e coeso bando de pássaros que, voando incrivelmente baixo, seguia para sul. Levavam com eles as sobras do Verão. 
Eu,ao contrário, aqui deposito os meus registos preferidos desta estação, que amanhã oficialmente se despede.

























terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sr. Júlio, o Cadeireiro


 (...ainda no Mercado de Portalegre)

Mesmo antes de entrar detenho-me porque a cena, de invulgar, me chama à atenção. Um senhor sentado no chão,à porta do mercado da cidade, trabalha afincadamente numa cadeira. Restaura-lhe o assento.


Miro-o em silêncio durante um pedaço, antes de encetar conversa: Isso que o senhor está a usar é junco, não é? - Amável, ele responde: É sim... agora já há pouco, dantes havia muito mais, apanhava-se por todo o lado!...


E assim começou a nossa conversa sem pressa. Eu sabia que lá dentro, frutas e legumes não se iam acabar, e ele, sempre a dar aos dedos enquanto dava à língua, acabou por me contar que já tinha sido cozinheiro em Lausanne,  mas que regressou antes que se lhe acabasse o dinheiro;...que tem a sua oficina de cadeireiro em Alpalhão, perto da Junta de Freguesia, onde numa parede há fotografias da planta para explicar todo o processo a professores e alunos que o visitam;... que vai tendo sempre trabalho e que começa às seis da manhã e  larga às nove da noite. Também sintonizo televisões...se há algum aparelho que não transmita bem, eu vou lá e consigo pô-lo a captar o máximo do sinal....A pessoa nunca mais tem problemas! Só não trabalha quem não quer!, diz convicto.


Um assento para uma cadeira leva pouco mais de uma hora a fazer e cobra entre 15€ a 20€ por cada. Não deixa a tarefa incompleta... se o banco ou cadeira estiverem desengonçados, também restaura e ajusta a madeira.


Enquanto falamos, gente vai e gente vem. Curiosos e interessados, quase todos lhe pedem o contacto e orçamentos. Mas há  quem se detenha só a olhar. Realmente, dá prazer ver trabalhar assim...



(Foto retirada da Internet)

(O junco é uma planta fléxivel que pode atingir 1,50 m de altura e que cresce em zonas húmidas ou alagadas. É tradicionalmente usada para tecer cestos, esteiras e assentos de cadeiras. Trabalha-se molhada.)

sábado, 15 de setembro de 2012

Mercado de Sábado


Após 15 dias a viver sem frigorífico, ontem lá me entrou pela cozinha adentro o matacão branco! 
Tem o desplante de ser da minha altura, mas engana-se bem enganadinho se pensa que vai ficar a exibir-se...Nem pensar!... Até já tenho uma ideia para o esconder...
Frigoríficos são para mim caixotes grandes, monótonos, monocórdicos, autênticos "tanques de guerra" nas cozinhas, que por natureza são espaços femininos e delicados!... Enfim, são os ditadores dos actuais hábitos alimentares e a vida está  irremediavelmente feita para funcionar com eles!


Se de feio não passa, então que seja útil ... Portanto lá me levantei cedo para o ir abastecer ao mercado de Portalegre, onde ao Sábado de manhã se encontram ainda alguns produtores locais que vendem o excesso das suas hortas.


De lá trouxe polvo, sardinhas, cação, nabiças, feijão verde, pêssegos, salsa e duas mãos cheias de conversa com os vendedores que, por me verem de máquina em punho, perguntavam ,curiosos, se as fotos iam para o jornal...









...uns diziam que nunca esteve tão mau como agora, outros que aquilo que vendiam era do melhor que se podia encontrar e a maioria retribuia o sorriso...








Ao sair do mercado passei por uma senhora que, num alguidar com água, tinha três ramos de flores. Ficaram lá dois... Lá por ser antiga e estar com obras à porta, a  minha casa merece um!


Bom fim de semana!!